quinta-feira, 29 de abril de 2010

Cap. 6: O treinamento é a solução ou o problema?


O diagnóstico dos problemas da rede de supermercados estava muito claro: os funcionários careciam de qualificação em todos os níveis. O mais crítico de todos estava relacionado às lideranças.

Afrânio tinha como certo o fato de que, se a equipe é ruim, a responsabilidade é do líder imediato, e assim sucessivamente. Como não podia fazer uma substituição em massa provocando um bug operacional, dirigiu-se ao RH da empresa e levantou o histórico dos eventos já realizados para treinamento e motivação de pessoal.

Tamanha foi sua surpresa quando viu que os funcionários participavam de cursos e palestras semestrais em todos os níveis, desde o operacional até o diretivo. Mas por quê os treinamentos não surtiam o efeito desejado? Será que o fluxo de contratações e demissões era muito alto ou os eventos realmente não estavam agregando conhecimento prático à equipe? Para saber, só participando de alguns deles.

Uma das entidades de serviços empresariais de nome conceituado foi contratada para realizar uma palestra sobre atendimento e outra sobre liderança, para a qual foi convocado um grupo de funcionários específicos para cada uma delas. O que se viu foi uma descontraída tarde com dinâmicas de grupo, além de um festival de chavões administrativos e organizacionais através de um show man, um consultor que se parecia mais com um animador de palco do que com qualquer outra coisa que proporcionasse conteúdo prático à equipe.

Agora Afrânio tinha certeza de uma coisa: o dispêndio de capital para cursos embalados, ou seja, preparados para treinar de vendedor de Bíblia a vendedor de helicópteros, não trazia benefícios à sua real necessidade: qualificar profissionais para atividades específicas de um supermercado.

O problema acabava de ganhar proporções gigantes quando o veterano administrador percebeu que suas maiores ameaças para um fracasso eminente estavam nos seguintes pontos:

1 - Mão de obra operacional descomprometida e desqualificada;
2 - Alto giro de funcionários e grande dificuldade de reter os "craques";
3 - Lideranças promovidas prematuramente com base na disciplina e fidelidade, mas desqualificadas;
4 - Falta de uma estrutura eficiente de treinamento prático, acompanhamento comportamental e educação continuada.

Não havia mais nada a fazer, a não ser buscar apoio profissional especializado e realizar uma reengenharia de processos nos departamentos de RH e gerência de loja.

Definitivamente esse era o próximo passo. E a luta agora era contra o relógio...

Continua...

Um comentário:

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